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Banca de Jornais e Revistas: A caminho da Extinção

Por Nonato Nunes

Em 2019, li que em Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina, 75% das bancas de jornais e revistas haviam fechado [Portal Floripa Centro]. Não sei qual o percentual de bancas fechadas aqui na Paraíba, e nem o seu número exato, mas com certeza não é diferente do de Florianópolis. As que ainda estão de portas abertas funcionam nos mesmos moldes de lojas de conveniência.

Um exemplo disso pode ser encontrado em João Pessoa. A banca de Assis [a da foto do lado direito], localizada na Lagoa do Parque Solon de Lucena, há tempos não tem mais na venda de jornais e revistas [e livros…] o seu ponto forte.

A banca, que há anos oferece outros produtos ao cliente, mas que tinha na venda dos impressos o seu principal produto, hoje se vê que houve uma quase completa inversão nessa ordem. Assis está ali há meio século, e a sua banca era um ponto de encontro de intelectuais, jornalistas, escritores e pessoas comuns. Eu mesmo sempre passava por ali nas minhas caminhadas pela Lagoa e, invariavelmente, estava comprando um livro, um jornal, uma revista ou mesmo “jogando conversa fora” com Assis.

blankA mesma coisa se repete em outras cidades do Estado. A foto, ao lado, é da famosa BANCA DO ORLANDO, na Praça da Bandeira, Centro de Campina Grande. E, assim como a de Assis, teve de se readequar às transformações de usos e costumes como forma de sobrevivência.

As pessoas não procuram mais esses estabelecimentos pelo que eles representam em termos de oferta cultural, mas por outros motivos: recarga de celulares, aquisição de pequenas lembranças, tomar sorvete, tomar um refrigerante etc. Mesmo assim as bancas ainda são uma excelente opção para aqueles autores saudosistas [meu caso] que imprimem suas obras e as põem para venda em bancas do tipo.

Eu, por exemplo, fiquei impressionado com as vendas do meu livro BANDEIRA DE SANGUE quando posto à venda na Banca do Orlando. Ele havia me dito que nunca tinha visto um livro ter uma saída tão rápida, e isso se deve, sim, à visibilidade que uma banca como a dele proporciona ao material impresso.

Recentemente, João Pessoa perdeu uma de suas maiores referências como livreiro. Estou aqui me referindo ao amigo REGINALDO, cuja banca ficava em frente ao prédio do PARAHYBA PALACE HOTEL [Praça Vidal de Negreiros, Ponto de Cem Réis, Centro]. Com sua morte o seu pequeno negócio chegou ao fim.

Reginaldo, assim como os demais “banqueiros” de João Pessoa, Campina Grande e outras cidades paraibanas, estava no ramo há cerca de meio século. Estava habituado a lidar com autoridades que passavam por ali e raramente deixavam de dar uma “paradinha básica”, fosse para uma espiadinha nas novidades do dia ou apenas para “tirar uma onda” com Reginaldo… Tempos bons que vão sendo apagados da memória…

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Valter Nogueira

Valter Nogueira de Amorim, jornalista profissional, é o editor-chefe do blog. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal da Paraíba (1988). Atuou nos principais jornais impressos do Estado, tais como A União, O Momento, Correio da Paraíba e O Norte. No campo administrativo, foi secretário de Comunicação da Prefeitura Municipal de Santa Rita (1997-2005), assessor de Imprensa da Prefeitura de Pedras de Fogo (2008). Exerceu, também, o cargo de gerente de Comunicação do Tribunal de Justiça da Paraíba, no período de fevereiro de 2015 a janeiro de 2019. No período de maio de 2024 a março de 2025, Valter Nogueira respondeu pela ASCOM do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba.