A federação partidária Brasil da Esperança — formada por PT, PC do B e PV — formaliza nesta quinta-feira (21) a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (SP) a presidente da República, com Geraldo Alckmin na vaga de vice-presidente. Em Pernambuco, Lula participará de forma virtual do evento.
Nesta eleição, será a sexta tentativa de Lula de chegar à Presidência — nas outras cinco, foi derrotado em três (1989, 1994 e 1998) e venceu em duas (2002 e 2006). Na última, disputou o segundo turno contra o atual companheiro de chapa, o ex-governador Geraldo Alckmin, então no PSDB e hoje no PSB.
Lula será o primeiro candidato a presidente de uma federação partidária. A modalidade de aliança, criada em 2021, consiste na união de dois ou mais partidos que, de acordo com a legislação, têm de atuar juntos — como se fossem um único partido — por pelo menos quatro anos.
Nesta quinta, PT e PV realizam as próprias convenções — o PC do B fez na véspera. Logo após os encontros de PT e PV, os três partidos se reúnem para a convenção da federação, no mesmo local onde ocorrerá o encontro do PT, em um hotel no centro de São Paulo.
“Como o presidente vai estar em Pernambuco, vamos fazer um encontro protocolar. A decisão já é conhecida de todos — a chapa e a coligação com os outros partidos”, explicou a presidente do partido, Gleisi Hoffmann.
O calendário estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) prevê o período entre 20 de julho e 5 de agosto para a realização das convenções partidárias. Após os encontros, os partidos estão aptos a registrar a candidatura no TSE – último passo para a oficialização do candidato, que se encerra em 15 de agosto.
Convenções
Durante a convenção nacional do partido nesta quinta (21), o PT vai confirmar e indicar o nome de Lula como candidato da federação a presidente; aprovar a indicação de coligação com PSB, Solidariedade e a federação PSOL-Rede; aprovar a indicação de Geraldo Alckmin como candidato da federação a vice-presidente.
Trajetória política
Nascido em Garanhuns (PE), Luiz Inácio Lula da Silva trabalhou, em São Paulo, como ambulante, engraxate, ajudante de tinturaria e torneiro mecânico. Aos 17 anos, em 1964, sofreu acidente de trabalho, no qual perdeu o dedo mínimo da mão esquerda.
Lula iniciou a trajetória no movimento sindical em 1966. Em 1975, foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema.
1980 – Em fevereiro, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores, o PT. Em 19 de abril do mesmo ano, foi preso por 31 dias devido à atuação na liderança de movimentos grevistas no ABC Paulista.
1982 – Acrescentou o apelido “Lula” ao nome original. No mesmo ano, pelo PT, candidatou-se ao governo de São Paulo e ficou em quarto lugar.
1986 – Foi eleito deputado constituinte por São Paulo, o mais votado do Brasil. Disputou a Presidência pela primeira vez em 1989, derrotado por Fernando Collor de Mello (PRN) no segundo turno.
1994 – Disputou novamente a Presidência e perdeu, em primeiro turno, para Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
1998 – Tentou mais uma vez a eleição presidencial e foi derrotado novamente por FHC.
2002 – Foi eleito presidente da República após disputar o segundo turno contra José Serra (PSDB).
2006 – Reeleito ao derrotar Geraldo Alckmin (à época no PSDB) no segundo turno.
2010 – Conseguiu eleger a sucessora, Dilma Rousseff (PT), ministra de duas pastas nos governos Lula: Ministério de Minas e Energia e Casa Civil.
2014 – Lula descartou disputar o Planalto e anunciou apoio à reeleição de Dilma.
2017 – Em julho, foi condenado a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá.
2018 – Em abril, teve a prisão decretada pelo então juiz Sergio Moro e, alguns dias depois, se entregou à Polícia Federal após um ato na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O PT registrou a candidatura de Lula a presidente, mas a Justiça Eleitoral indeferiu. O candidato a vice na chapa, Fernando Haddad, disputou a Presidência e perdeu no segundo turno para Jair Bolsonaro.
2019 – Deixa a prisão em Curitiba após 1 ano e 7 meses de prisão, beneficiado por decisão do STF que reconheceu o direito de réus condenados responderem em liberdade até o julgamento do último recurso.
2021 – Uma decisão do ministro do Supremo, Edson Fachin, anulou as condenações e tornou Lula elegível. Na decisão, Fachin considerou que a 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos casos da Lava Jato relacionados à Petrobras, não era a instância competente para julgar Lula — para o ministro, as acusações ao ex-presidente não tinham relação direta com a Petrobras. Em abril do mesmo ano, o plenário do Supremo confirmou a decisão e enviou os processos para a Justiça Federal do Distrito Federal.