Por Valter Nogueira
Nesta quinta-feira (18), o tenente-coronel Mauro Cid permaneceu calado durante depoimento à Polícia Federal. Em leitura rasa, a atitude do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro sugere que ele não vai aceitar levar a culpa sozinho pelas “caneladas” do ex-chefe.
Ante o fato, a grande imprensa destaca que, ao optar pelo silêncio, Cide tem consciência de que a quebra do sigilo de seu celular continua a falar por ele, acusando o ex-presidente.
A decisão de Cid pode ser o troco, por assim dizer, dado ao ex-chefe. Isso poque Bolsonaro largou a mão do seu “ex-fiel escudeiro”.
Bolsonaro e sua hoje pequena tropa esperavam outra postura de Cid, menos o silêncio. Esperava que Cid confirmasse o que ele (Bolsonaro) disse em depoimento à PF. Isto é, esperava (ou desejava) que o tenente-coronel assumisse a culpa sozinho pelas fraudes no registro de vacinação de Bolsonaro.
Pelo andar da carruagem, e pelos sinais, Cid diz que não vai assumir a culpa sozinho.
A propósito, recentemente ele trocou de advogados. Os atuais são especialista em delação premiada.
– Vem chumbo grosso por aí!
Salve o rei
Há uma máxima – ou tática maquiavélica – nas gestões públicas que doutrina os subalternos: na hora ‘H’, salve o rei.
Em outras palavras, o chefe não assina nada, não sabia de nada, não tem culpa, não viu nada – embora, na realidade, não só sabia de tudo, como determinou tais ações as quais nega.
Muitas vezes, os subalternos são pressionados (assédio moral) a praticar atos não republicanos em favor do chefe de plantão. Em outros casos, assessores praticam tais irregularidades para auferir vantagens, tais como gratificações, dinheiro e ou promoções.
Aviso aos navegantes
Nunca é demais lembrar que, no caso de o plano dar errado, a culpa recai sobre os ombros dos subalternos – principalmente quando o chefe sai do poder.