Por Valter Nogueira
É preciso saber um pouco de história e de economia, além de ter o mínimo de percepção acerca de conjunturas, quando se trata de fazer comparações de eventos distintos ocorridos em épocas distintas. É preciso saber interpretar o sinal dos tempos – o mundo gira!
O motivo do introito é para dizer que, dia desses, em discussão no Comitê de Imprensa da ALPB, um colega jornalista bolsonarista disse que esperava outra postura das forças armadas em 2022. Em outras palavras, ele esperava atitude diferente do alto comando militar; intervenção com Bolsonaro no Poder. E lembrou, inclusive, o Golpe de 1964.
O alto comando militar entende de política nacional e internacional.
Em 1964, o momento político e econômico era outro. À época, a conjuntura política era propícia a um golpe. Vivíamos no tempo da guerra fria. O Brasil contava com o apoio dos Estados Unidos, que fomentaram o regime de exceção. Afinal, os EUA não admitiam ver um aliado do tamanho do Brasil passar para o lado dos comunistas – tal possibilidade era uma ameaça à hegemonia americana.
Em 2022, o tempo era outro – tudo muda, tudo passa!
Em resumo, é possível afirmar que sem a chancela dos EUA e da União Europeia não haverá golpe na América Latina. Jair Bolsonaro, na sua medíocre capacidade intelectual, e seus seguidores pensavam que ainda estavam em plena guerra fria – falta de visão de mundo.
Na atual conjuntura, um golpe a partir do “nada” e sem nenhuma justificativa levaria o país, fatalmente, a uma ruína sem precedentes. E em pouco tempo.
Retaliações
Especialistas em economia e em política internacional avaliam que o Brasil sofreria retaliações e sanções de todo o mundo desenvolvido e civilizado. Acordos comerciais seriam suspensos e o país sofreria um isolamento internacional jamais visto antes.
Em consequência das retaliações, aviões comerciais do país seriam proibidos de pousar em aeroportos norte-americanos e europeus. Navios com bandeira nacional seriam impedidos de desembarcar produtos e mercadorias na maioria dos portos internacionais.
Países democráticos romperiam relações diplomáticas e tirariam os seus embaixadores do Brasil.
Economia
Na economia, investidores internacionais retirariam seus investimentos (dólares/euro) do país. Previsões apontam que a Zona Franca de Manaus pararia em menos de uma semana. Montadoras de automóveis suspenderiam toda a produção de carros por falta de peças e de outros componentes em questão de meses.
É preciso entender que, atualmente, vivemos em um mundo globalizado e dependemos do mercado externo.