Por Valter Nogueira
A dosimetria é uma das partes de uma sentença criminal que merece atenção especial, bom senso e sensibilidade do magistrado responsável pela aplicação da pena a um réu condenado. A rigor, a pena deve ser proporcional à gravidade do delito – nem mais, nem menos!
É inegável que, no caso, o juiz trafega em campo subjetivo em face à dificuldade de mensurar tal equivalência com exatidão.
O motivo do introito é para dizer que Israel parece não ter limite em seus ataques à Gaza, em nome do Direito de Defesa. Combater o Hamas não pode ser confundido com um possível plano de dizimar o povo palestino que habita na Faixa de Gaza.
Nada justificar o terrorismo – já afirmei isso em recente artigo sobre a guerra Israel-Hamas. No entanto, nada justifica também o revide desproporcional e sem limites promovido por Israel contra o povo palestino.
Assim como os ataques terroristas, as bombas lançadas pela força área e por tanques israelenses também mantam! E matam civis e crianças.
Os ataques terroristas do Hamas – injustificáveis – mataram cerca de 1.500 pessoas. O revide desproporcional de Israel já matou mais de 10 mil pessoas – entre adultos e crianças inocentes que não comungavam com as práticas do Hamas.
Joio do Trigo
A título de exemplo, recorro a uma analogia:
O Rio de Janeiro, por exemplo, tem favelas dominadas por facções, que têm seus chefes, os quais ditam as leis em seus respectivos domínios. Contudo, nem todas as pessoas que moram nessas favelas são bandidas – mas, vivem refém das regras e exigências dos chefões das respectivas facções do tráfico.
Situação semelhante ocorre com os palestinos que vivem na Faixa de Gaza, um enclave no território de Israel. A maioria dos palestinos – repito – não pactua com as práticas do Hamas, mas tem que engolir as regras de seus líderes sob pena de pagar com a própria vida.
Na esteira da desproporcionalidade, muitos países aliados de Israel já se voltam contra a sanha de Benjamin Netanyahu.
Uma coisa é acabar com o Hamas; outra coisa, bem diferente, é querer varrer do mapa os palestinos de Gaza.
É preciso separar o joio do trigo!