Diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo de Jair Bolsonaro, o hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (25), que investiga possível atuação ilegal do órgão durante seu comando.
A suspeita é que uma organização criminosa teria funcionado dentro da Abin para monitorar adversários da família Bolsonaro e proteger filhos do então presidente de investigações.
Entre outras autoridades, as investigações revelam que a estrutura da Abin foi usada para monitorar a promotora responsável pela investigação do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco.
Alexandre Ramagem interferiu nas investigações sobre o uso ilegal do sistema de espionagem First Mile dentro da Abin. Segundo a Polícia Federal, para evitar que as irregularidades no uso ilegal do sistema fossem expostas, Ramagem e o delegado Carlos Afonso anularam o PAD [Processo Administrativo-Disciplinar] e nomearam uma comissão diferente da correta para que o processo fosse anulado.
A alteração do entendimento sobre a legalidade do uso do sistema veio com a determinação da instauração de correição por Ramagem, em 30 de agosto de 2021. Segundo a PF, a alteração do entendimento se deu devido à exposição do uso irregular do sistema, bem como das ações ilícitas.
Operação
Em 2023, a PF descobriu indícios do uso de mais ferramentas de espionagem ilegal por servidores da Abin — entre elas um programa de invasão de computadores que permitia acesso a todo o conteúdo privado dos alvos. Os softwares foram encontrados nos equipamentos apreendidos durante as buscas.
A suspeita é que os investigados usavam “técnicas que só são permitidas mediante prévia autorização judicial”.
Aliado de Bolsonaro
Ramagem é forte aliado da família Bolsonaro, sendo cotado para disputar neste ano a eleição para prefeito do Rio de Janeiro, berço político do ex-presidente.
Ele se tornou próximo do clã político na campanha de 2018, quando foi destacado pela PF para coordenar a segurança do então candidato após ele ter sido alvo de uma facada em setembro daquele ano.