De acordo com a revista Exame, em sua nova publicação de março, desde julho do ano passado, o mercado imobiliário vem ascendendo gradativamente, devido às mudanças geradas pela reformulação do Minha Casa Minha Vida, cuja ampliação vem sendo debatida para atender também a procura de imóveis pela classe média. Essas mudanças, somadas à queda da taxa Selic e ao maior acesso ao crédito, vêm esquentando o setor imobiliário, gerando mais procura e movimentando a economia. Mas será que apenas o acesso facilitado a moradias é o suficiente para manter esta ascensão?
O trabalho de arquitetura e urbanismo, que vem crescendo e se aprimorando com novas tendências, inclusive para o mercado de loteamentos, desempenha um papel significativo na configuração do ambiente urbano. Ele pensa não só na criação de moradias, mas também de comunidades – locais não apenas para habitar e sim para viver e conviver.
Todo esse planejamento é essencial para o sucesso de loteamentos integrados com a comunidade. Isso significa considerar mais do que apenas aspectos físicos, bem como socioeconômicos e culturais, promovendo moradias mais inclusivas, acessíveis e resistentes. Tudo isso contribui para a qualidade de vida dos moradores e o desenvolvimento equilibrado das cidades.
A começar pelo reconhecimento da importância da sustentabilidade ambiental, que está transformando a maneira como projetamos e desenvolvemos loteamentos. Cada vez mais, vemos projetos que priorizam a eficiência energética, o uso de materiais sustentáveis e a preservação de áreas verdes. Essas práticas reduzem o impacto ambiental e criam comunidades mais saudáveis e resilientes.
A inovação tecnológica também está nos ajudando a revolucionar o setor de loteamentos, com o surgimento de tecnologias como BIM (Modelagem da Informação da Construção) e IoT (Internet das Coisas). Elas estão sendo utilizadas para otimizar o projeto urbano, melhorar a segurança e facilitar a gestão de infraestruturas, garantindo um desenvolvimento mais eficiente e sustentável.
Quando olho para o futuro do mercado de loteamentos, considero crucial o papel da tecnologia na moldagem dos ambientes urbanos. A integração de tecnologias inteligentes, como sistemas de segurança avançados, infraestrutura de energia renovável e conectividade digital, tem sido fundamental para criar comunidades modernas e eficientes.
No entanto, enquanto exploramos as tendências e possibilidades futuras, é importante reconhecer os desafios que enfrentamos. As dificuldades de licenciamento e legalização dos empreendimentos projetados são inquestionáveis, esse é o principal entrave do setor que produz infraestrutura urbana para promover o desenvolvimento das cidades. Liderando as queixas de empreendedores que, assim como eu, desejam inovar e oferecer produtos cada vez mais adequados às novas necessidades dos novos consumidores, a ineficiência dos órgãos reguladores configura o principal entrave. Questões adicionais, porém, como o acesso à terra e sua respectiva regularização fundiária, a preparação do terreno urbano sustentável e a equidade no desenvolvimento urbano, continuam sendo desafios que exigem novas abordagens colaborativas.
Como profissional do setor de loteamentos e urbanização, tenho a responsabilidade de pensar no futuro das cidades e comunidades que planejamos. À medida que nos esforçamos para criar ambientes melhores, é necessário que nos mantenhamos abertos ao diálogo, à colaboração e à inovação.
Hoje, tenho certeza de que o trabalho de arquitetura e urbanismo anda lado a lado com a logística de lotes e moradias. Sem ele, não haveria moradias próximas a parques, clubes e área verde. Além disso, a vizinhança e o comércio se desenvolveriam de maneira irregular, tornando o ambiente desarmonioso e de difícil convivência.
Fabio Moura Leite (diretor comercial e de marketing na Moura Leite Loteamentos)