A escalada da guerra tarifária imposta pelos Estados Unidos está provocando tensões no comércio global, mas também pode representar uma janela de oportunidades para os países do BRICS. A avaliação é do senador Irajá Abreu (PSD-TO), presidente do Grupo Parlamentar de Relacionamento com o BRICS, em entrevista concedida à Sputnik Brasil.
“A gente tem uma expressão que diz que enquanto uns choram, outros vendem lenço. Então é um problema que está acontecendo mundialmente […]. Nesse contexto, os laços comerciais dos países integrantes do BRICS tendem a se fortalecer, porque temos uma diversidade entre os países do BRICS enorme”, declarou o parlamentar, ao comentar os impactos das recentes medidas protecionistas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O parlamentar destacou que, diante da imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos sobre produtos estratégicos, como o minério de ferro, o Brasil precisa buscar novos mercados. E os países do BRICS — que além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, agora contam também com Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos — podem ser a resposta.
“Claro que existe também uma parcela significativa de comercialização de commodities do Brasil para os Estados Unidos, especialmente minério de ferro. Então essas tarifas impostas pelo governo americano acabam criando a necessidade do Brasil de buscar outras alternativas de mercado consumidor. E a China e outros países-membros do BRICS são, sim, uma grande alternativa para esse momento delicado que nós estamos passando, seja para a venda de soja, de carne, de minério, entre outros produtos que o Brasil comercializa no mercado internacional”, explicou o senador.
Um dos principais exemplos citados por Irajá é a soja brasileira. Atualmente, cerca de 30% da produção nacional do grão é destinada à China, o que mostra a relevância estratégica das relações comerciais com o país asiático no contexto de um realinhamento global.
Diversidade econômica e integração do bloco
Para o senador, a diversidade econômica entre os membros do BRICS é uma das maiores vantagens do grupo. “Há produtores de combustível fóssil, de energia renovável, países com vocação em produtos manufaturados e detentores de inovação em tecnologia […]. A tendência é que o bloco fique cada vez mais forte e as relações comerciais possam ser ampliadas.”
Essa pluralidade de vocações econômicas, segundo ele, permite não apenas ampliar o fluxo de mercadorias, mas também desenvolver cadeias produtivas complementares entre os países, fortalecendo o chamado Sul Global.