Nada justifica o terrorismo! Os ataques do grupo Hamas a Israel no dia 6 de outubro de 2023 foram os maiores ocorridos nas últimas décadas, com registro de centenas de mortes – dos dois lados. Desde então, o conflito entre as partes se arrasta sem sinal concreto de paz.
Na origem da guerra, fanatismo, extremismo, racismo, nacionalismo e disputa por terras.
Há perplexidade ante à planejada e eficiente ação do Hamas. Por outro lado, há também indignação diante das falhas de segurança de Israel, que tem um sofisticado sistema de defesa antimísseis. A região da Faixa de Gaza estava sob um forte esquema de segurança.
Em razão da negligência quanto à segurança de Israel, alguns analistas da cena internacional se dizem acreditar que as “falhas” foram propositais.
Politicamente e administrativamente, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, estava feio na foto, por assim dizer. O ataque levaria Israel à guerra. Em tempo de guerra não há eleições – Netanyahu continua no poder.
Voltando ao conflito Israel-Palestina, o que aconteceu no dia 6 de outubro de 2023 não foi o primeiro caso de guerra entre judeus e palestinos, mas sim mais um capítulo sangrento da intolerância de povos envolvidos na questão em tela.
Para entender o que ocorre atualmente, é preciso rever a história. Na realidade, a atual guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas é consequência de um conflito que se estende há décadas.
As guerras na região eclodiram a partir da criação do Estado de Israel, em 1948. No entanto, a origem do conflito entre palestinos e judeus na era atual é mais antiga, remonta ao final do século 19, com advento do movimento sionista.
O sionismo surge no fim do século 19, quando apareceram na Europa diversos movimentos nacionalistas.
O jornalista húngaro e ativista judeu Theodor Herzl lançou a semente. Ele defendia a tese de que a sobrevivência do povo judeu dependia da formação de um país. Mais do que isso, a nação judaica deveria, segundo Herzl, se erguer sobre a Palestina, região onde a terra de Israel existiu, segundo a Bíblia.
À época, o povo judeu vivia espalhado pelo mundo.
Palestina
No século 20, a Palestina era habitada por árabes e muçulmanos que viviam sob o domínio do Império Otomano.
Em 1922, o Império Otomano caiu e os britânicos assumiram o controle da região. A partir de então, judeus espalhados pelo mundo começaram a migrar para a Palestina.
A migração se intensificou nas décadas de 1930 e 1940, em razão da perseguição nazista aos judeus.
Ante à nova realidade, verificou-se oposição árabe à chegada em massa de judeus a região. A presença judaica cresceu exponencialmente na Palestina, a ponto de, ao final da 2ª Guerra, representar um terço da população local.
ONU
Em 1947, a ONU aprovou um acordo que dividia o território entre árabes e judeus. Ficou acertado, também, que Jerusalém, cidade sagrada para os dois povos, seria administrada pelas Nações Unidas.
Os judeus aceitaram a proposta, mas os árabes não.
Em ato contínuo, e diante do impasse, o líder israelense David Ben-Gurion declarou a independência de Israel em 14 de maio de 1948, o que gerou revolta junto ao Egito, Síria, Líbano e Jordânia. Estes atacaram Israel, um dia após a declaração de independência. O armistício só foi assinado no ano seguinte.
A ONU, pouco tempo depois, reconheceu o Estado de Israel, que em seguida ocupou parte da Palestina. Outros territórios foram divididos: a Faixa de Gaza ficou com o Egito; a Cisjordânia e o leste de Jerusalém com a Jordânia.
Novos movimentos
Em 1964, foi fundada a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), a principal representação palestina.
Em 1967, ocorreu a Guerra dos Seis Dias (entre 5 e 10 de junho), quando Israel atacou em resposta à movimentação militar de países vizinhos. O conflito consolidou o poder militar israelense, que derrotou Egito, Síria e Jordânia.
Em decorrência da guerra, Israel assumiu a Faixa de Gaza, a Península do Sinai (Egito), as colinas do Golã (Líbano) e a Cisjordânia, incluindo Jerusalém oriental.
Em 1973, Egito e Síria fizeram um ataque surpresa durante o Yom Kippur, um dia sagrado para os judeus. Israel quase perdeu o conflito, mas venceu no final.
Em 1977, Israel intensificou a ocupação dos territórios palestinos com a construção de assentamentos na Cisjordânia.
Em 1979, Israel assinou um acordo de paz com o Egito e deixou a Península do Sinai. Em troca, o país árabe reconheceu o Estado judeu.
A resposta palestina nos anos 1980 ocorreu com ataques por parte da OLP, então liderada por Yasser Arafat. Naquela década nasceu o grupo libanês Hezbollah, contrário ao Estado israelense.
Intifada
As tensões culminaram na Primeira Intifada, em 1987 — uma revolta palestina contra a ocupação de Gaza e Cisjordânia. No mesmo ano, nasceu o Hamas, grupo extremista baseado em Gaza.
OLP reconhece Israel
No ano de 1993, o então primeiro-ministro israelense, Ytzhak Rabin, assinou com Arafat o Acordo de Oslo. Neste, a OLP reconhecia Israel, que aceitou a OLP como representante dos palestinos. Nascia, em 1994, a ANP (Autoridade Nacional Palestina), responsável pelo controle da segurança e das necessidades civis de palestinos.
Novos ataques
Após novos acordos de paz, grupos fundamentalistas voltaram a atacar.
Em 1995, aconteceu o inesperado, algo tipo fogo amigo. Um judeu de extrema direita matou o primeiro-ministro israelense Rabin, enquanto o Hamas apostava em ataques terroristas contra civis.
Em 2001, ataques suicidas com bomba marcaram a Segunda Intifada. Israel respondeu erguendo um muro na fronteira com a Cisjordânia. Em 2009, 2012 e 2014, revidou os lançamentos de foguetes pelo Hamas com ataques contra Gaza que mataram centenas de palestinos.
Extrema direito e conflitos internos
Em 2018, o Estado de Israel completou 70 anos mergulhado em conflitos. A ascensão da extrema direita no país dividiu a sociedade nos últimos anos, dificultando até a formação de governos.
Em 2021, um conflito em Jerusalém durou 11 dias. Em 21 de julho de 2023, israelenses assentados depredaram casas, carros e atiraram contra palestinos, que revidaram com foguetes.
As tensões efervesceram a ponto até culminarem no ataque do Hamas no último dia 6 de outubro de 2023, com posterior declaração de guerra por Israel contra a célula terrorista, resultando em milhares de mortes dos dois lados.
Redes sociais
A Guerra em Israel, ou o conflito entre árabes e judeus, envolve questões profundamente complexas e sensíveis. Por essa razão, especialistas da área de comunicação recomendam que a questão não pode e não deve ser banalizada a partir de qualquer tipo de postagens nas redes sociais.
A desinformação sobre o tema em tela pode criar mais problemas do que ajudar quando o assunto é levado às redes sociais.
As opiniões podem e devem ser disseminadas nas redes, no entanto, é recomendável não pecar pelo extremismo – seja de um lado ou de outro – ou pela desinformação.