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Há 100 anos o Brasil recebia a visita de Albert Einstein

Revistas e sites do segmento científico divulgaram desde o início de maio uma série de reportagens comemorativas à visita do físico alemão Albert Einstein ao Brasil. Há 100 anos, a visita de Albert Einstein ao Brasil gerava expectativa e curiosidade. O físico alemão chegou ao Rio de Janeiro em maio de 1925, encerrando sua turnê pela América do Sul. A imagem que ilustra esta matéria é um registro registro da visita de Einstein à Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro (Foto: Fiocruz).

O principal objetivo da visita era divulgar a Teoria da Relatividade, mas sua curta temporada na então capital brasileira também revelou contrastes culturais e reflexões sobre ciência, sociedade e identidade.

A viagem, organizada por instituições judaicas e científicas, incluiu encontros com intelectuais, visitas a centros de pesquisa e palestras públicas. No Brasil, Einstein se interessou por iniciativas que promoviam a ciência, como a Rádio Sociedade, e também pela diversidade humana e natural do país.

Durante os sete dias no país, Einstein visitou o Museu Nacional, a Fundação Oswaldo Cruz e o Observatório Nacional. Conheceu o trabalho do psiquiatra Juliano Moreira, que defendia ideias progressistas e antirracistas para a época, e elogiou iniciativas como oficinas terapêuticas e o uso da ciência para melhorar a vida de pessoas marginalizadas.

No entanto, seus relatos pessoais também revelam incômodos. Em seu diário, registrou críticas ao calor, aos discursos formais e à falta de interlocutores científicos à altura. Expressões que usou geram controvérsia até hoje, pois misturam observações culturais com termos que hoje são considerados problemáticos.

O Brasil e a Teoria da Relatividade

Muito antes da visita, o Brasil já havia contribuído com um momento decisivo da trajetória de Einstein. A comprovação da Teoria da Relatividade aconteceu em 1919, durante um eclipse solar observado a partir de Sobral (CE), com apoio de cientistas brasileiros como Henrique Morize. A colaboração com pesquisadores da Argentina e da Inglaterra consolidou a nova teoria da gravidade, que influenciaria tecnologias como o GPS.

Ainda assim, o reconhecimento internacional foi limitado. Durante décadas, a versão inglesa dos fatos ofuscou o papel de cientistas locais e do céu brasileiro nesse avanço.

Celebração

Para marcar o centenário da visita de Einstein ao Brasil, o Observatório Nacional realizou, no dia 9 de maio, uma programação especial com mesas de debate e reflexões sobre sua contribuição. A Fiocruz também promoverá atividades durante a semana, com destaque para o livro assinado por Einstein, mantido na Biblioteca de Obras Raras.

Você sabia que um eclipse no Ceará ajudou a mudar a história da ciência? E que Einstein se encantou com a cultura brasileira, mas também a questionou? A história de sua visita segue atual, abrindo espaço para debates sobre ciência, identidade e memória.

Confira as impressões do Brasil relatadas pelo físico alemão:

Surpresa com a biodiversidade brasileira – Logo após a sua visita ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Einstein destacou em seu diário a surpresa por encontrar uma diversidade de plantas tão grande. “A flora supera os sonhos das 1.001 noites”, escreveu. “Tudo vive e cresce a olhos vistos por assim dizer”.

Interesse pela diversidade racial do país – Também durante suas primeiras horas no país, o cientista relatou com positividade a diversidade étnico-racial da população brasileira. “Deliciosa é a mistura étnica nas ruas. Português-índio-negro com todos os cruzamentos”, indicou Einstein, em seu diário.

Homenagens – Um dos compromissos científicos mais importantes da visita de Einstein ao Brasil foi a sua participação em uma sessão solene na sede da ABC (então Sociedade Brasileira de Sciencias). Além de uma homenagem às descobertas acerca da teoria da relatividade, concederam ao físico um diploma de membro correspondente da instituição.

Palestras no Brasil – Durante sua passagem pelo país, Einstein proferiu duas breves conferências sobre o estado da teoria da luz. Em vez de um discurso formal, ele optou por apresentar o problema da realidade do quantum de luz (o fóton). A fala rendeu um manuscrito de três páginas, o qual foi traduzido do alemão para o português para publicação em uma revista científica da ABC. Em uma das palestras, Einstein chegou a fazer anotações em um quadro negro. O quadro original foi perdido, mas chegou a ser registrado em fotos.

Participação no rádio – Em visita à Rádio Sociedade, a primeira emissora radiofônica do Brasil, fundada pela ABC em 1923, o pesquisador teve a oportunidade de ouvir algumas obras da música brasileira, bem como dirigir algumas palavras aos brasileiros. Em alemão, ele disse: “Não posso deixar de mais uma vez admirar os esplêndidos resultados a que chegou a ciência aliada à técnica, permitindo aos que vivem isolados os melhores frutos da civilização”. O recado foi traduzido simultaneamente.

Indicação de brasileiro ao Prêmio Nobel da Paz – Ao longo de sua passagem pelo país, Einstein ouviu muitos elogios ao trabalho de Cândido Rondon no apoio às populações indígenas, tendo, inclusive, a oportunidade de assistir a registros cinematográficos de suas expedições ao Mato Grosso e à Bacia Amazônica Ocidental. A impressão por esses relatos foi tão profunda que, no retorno à Alemanha, o físico decidiu indicar o brasileiro para o Prêmio Nobel da Paz.

Fonte: Galileu e Boa Notícia Brasil

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Valter Nogueira

Valter Nogueira de Amorim, jornalista profissional, é o editor-chefe do blog. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal da Paraíba (1988). Atuou nos principais jornais impressos do Estado, tais como A União, O Momento, Correio da Paraíba e O Norte. No campo administrativo, foi secretário de Comunicação da Prefeitura Municipal de Santa Rita (1997-2005), assessor de Imprensa da Prefeitura de Pedras de Fogo (2008). Exerceu, também, o cargo de gerente de Comunicação do Tribunal de Justiça da Paraíba, no período de fevereiro de 2015 a janeiro de 2019. No período de maio de 2024 a março de 2025, Valter Nogueira respondeu pela ASCOM do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba.