Em recente entrevista ao canal do professor Glenn Diesen, o renomado economista Jeffrey Sachs advertiu que o mundo se encontra à beira de uma guerra nuclear, em razão do que classificou como “provocação de proporções extraordinárias” contra forças nucleares russas, com participação ou conivência de agências de inteligência dos Estados Unidos e aliados da OTAN. O economista denunciou a ausência de diplomacia, o declínio dos movimentos pacifistas e o que chamou de “arrogância do poder” por parte do Ocidente.
De acordo do com Sachs, os ataques recentes contra bombardeiros estratégicos russos, realizados com provável apoio da CIA e do MI6 britânico, representam uma ruptura grave nos acordos de controle de armas nucleares que garantiram a estabilidade internacional durante a Guerra Fria.
Sachs comparou a situação atual à crise dos mísseis de Cuba, mas lamentou que, ao contrário do que ocorria no passado, “agora não há esforços visíveis para desescalar o conflito”.
A crítica mais contundente recai sobre o que Sachs chama de “estado profundo” dos Estados Unidos – um conjunto de instituições, liderado por órgãos como a CIA, que opera sem supervisão pública e define a política externa à revelia da vontade popular. “Perdemos o controle de nossas instituições políticas sobre a política externa. A CIA tem guiado a política americana por décadas, em segredo e com mentiras”, acusou.
Para Sachs, tanto os governos ocidentais quanto a mídia corporativa se tornaram cúmplices de uma política belicista sem respaldo popular. “Não é verdade que o público em geral na Europa ou nos Estados Unidos queira essa guerra”, pontuou. Ele observou que, mesmo com líderes impopulares como Emmanuel Macron e Keir Starmer, as guerras continuam por causa de coalizões frágeis que impedem a ascensão de vozes contrárias. “Onde estão os movimentos pela paz?”, questionou, lamentando a ausência de mobilização popular diante de uma escalada potencialmente catastrófica.
Presidente Trump
Embora reconheça que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenha declarado desejo de encerrar a guerra na Ucrânia, Sachs demonstrou ceticismo quanto à real influência dele sobre as ações recentes. “Talvez simplesmente não esteja no controle”, disse, sugerindo que Trump pode ter sido mantido à margem ou tenha preferido o silêncio diante do ataque.
Ao final da entrevista, Sachs lamentou o colapso da diplomacia no Ocidente. “Durante a Guerra Fria, tínhamos o bom senso de dialogar com nossos oponentes e era permitido discutir suas preocupações de segurança. Hoje, nem isso”, avaliou. Ele atribui essa falência à arrogância do poder, à banalização da teoria dos jogos e à crença generalizada de que “diplomacia é sinal de fraqueza”.
Alerta
A entrevista de Jeffrey Sachs reforça um alerta que vem sendo ignorado: a escalada atual entre Rússia e OTAN não é um jogo. Trata-se de uma crise que ameaça a própria sobrevivência da humanidade e, segundo o economista, o caminho para a paz exige retomar a racionalidade, o diálogo e o reconhecimento das preocupações mútuas entre potências nucleares.
Fonte: Btrasil247