O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, lançou um forte alerta contra o que classificou como um plano imperialista para redesenhar o mapa do Oriente Médio com base em violência e dominação. O alerta foi feito pelo mandatário tuco durante a 51ª sessão do Conselho de Ministros das Relações Exteriores da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), realizada neste sábado (21) em Istambul.
Segundo a reportagem publicada pelo site Press TV, Erdogan exortou os países muçulmanos a resistirem à expansão da campanha militar israelense e à fragmentação da resistência regional promovida por potências ocidentais.
“Não permitiremos o estabelecimento de uma nova ordem Sykes-Picot em nossa região com fronteiras desenhadas em sangue”, afirmou o líder turco. O presidente denunciou ainda o cerco prolongado contra Gaza, que já dura 21 meses, qualificando-o como genocida e comparando suas consequências às maiores tragédias históricas da humanidade. “Dois milhões de nossos irmãos e irmãs em Gaza têm lutado para sobreviver nessas condições”, disse ele.
Acordo Sykes-Picot
Assinado em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, o Acordo Sykes-Picot é amplamente reconhecido como um marco do colonialismo europeu no Oriente Médio. Negociado em segredo entre Reino Unido e França, com o aval da Rússia czarista, o pacto previa a partilha das províncias árabes do Império Otomano em esferas de influência ocidental, desconsiderando por completo a vontade e a autodeterminação dos povos da região.
O mapa resultante traçou fronteiras artificiais que favoreceram os interesses estratégicos de Londres e Paris, consolidando domínios britânicos sobre o atual sul do Iraque, Jordânia e Palestina, e franceses sobre o norte do Iraque, Síria e Líbano. Décadas depois, o acordo é apontado como origem de tensões geopolíticas persistentes e símbolo da imposição de uma ordem internacional baseada na força e no desprezo pelas realidades locais.
Fonte: Brasil247