Reportagem da Bloomberg informa que Pequim (China) está orientando empresas chinesas a evitarem o uso do processador H20 da Nvidia, especialmente em aplicações ligadas ao governo e à segurança nacional. A recomendação, enviada nas últimas semanas a companhias estatais e privadas, ocorre mesmo após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizar a retomada das vendas do chip ao país asiático — revertendo uma proibição anterior.
Fontes consultadas pela agência afirmam que a diretriz não constitui um banimento formal, mas desencoraja o uso do H20 em setores sensíveis, incluindo projetos de empresas estatais. Analistas apontam que, apesar da pressão política, muitos grupos chineses ainda valorizam o chip por seu desempenho em determinadas aplicações de inteligência artificial.
De acordo com a reportagem, a medida de Pequim também afeta processadores da norte-americana AMD, como o MI308, embora não esteja claro se o modelo foi citado nominalmente nas comunicações. O movimento impulsionou as ações da chinesa Cambricon Technologies, especializada em chips de IA, que subiram 20% no pregão, liderando ganhos no setor.
Mesmo com o aval de Washington para retomar vendas de modelos menos avançados — mediante a polêmica exigência de repasse de 15% da receita ao governo norte-americano —, Nvidia e AMD enfrentam agora o desafio de lidar com clientes pressionados a priorizar fornecedores locais.
Pequim tem reforçado a necessidade de substituir chips ocidentais por soluções domésticas, integrando essa estratégia a políticas mais amplas de desenvolvimento tecnológico e segurança nacional.
Os avisos coincidem com reportagens da mídia estatal chinesa que questionam a segurança e confiabilidade do H20, levantando suspeitas sobre possíveis funções de rastreamento e desligamento remoto — alegações negadas pela Nvidia, que afirmou que o produto “não é militar nem destinado a infraestrutura governamental” e que a China “nunca dependeu de chips americanos para operações estatais”.
A orientação atual se concentra em usos sensíveis, de forma semelhante às restrições já aplicadas a veículos da Tesla, iPhones da Apple e chips da Micron Technology em determinados setores. Contudo, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, Pequim avalia ampliar as restrições para outras áreas.
O H20 foi desenvolvido especificamente para atender às limitações impostas por Washington, com menos capacidade de processamento, mas alta largura de banda de memória, ideal para a etapa de inferência em IA. Empresas como Alibaba e Tencent utilizam o modelo, enquanto a chinesa Huawei enfrenta dificuldades para atender à demanda com chips próprios. Segundo estimativas do governo norte-americano, perder acesso ao H20 poderia tornar de três a seis vezes mais caro para companhias chinesas processar modelos avançados de IA.