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Violação, desobediência e exposição ao ridículo

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blankO princípio in dubio pro reo é uma expressão latina que significa “na dúvida, em favor do réu”. Este princípio jurídico estabelece que, em casos de incerteza, o juiz deve decidir em favor do acusado, evitando condenações sem provas concretas. Na outra ponta, porém, existe o réu confesso – aquele que admite ter cometido o crime pelo qual está sendo acusado.

O motivo do introito é para dizer que, o que poderia se transformar em um ato pró réu, derivou para uma ação de vexame e exposição ao ridículo a partir da revelação de um réu confesso. Falo da realidade que veio à tona a partir da divulgação do vídeo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admite ter tentado abrir sua tornozeleira eletrônica com um ferro de solda.

O vídeo fala por si só, revela um ato de violação e desobediência.

As imagens foram registradas por uma servidora da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal. No registro, Bolsonaro afirma ter usado um ferro de solda — o “ferro quente” — para tentar romper o dispositivo de monitoramento eletrônico.

Ao ser perguntado sobre o que ocorreu, Bolsonaro respondeu: “Meti ferro quente, meti ferro quente aí… curiosidade”.

A ação insana de Jair provocou forte reação entre dirigentes de partidos de direita – apenas a extrema direita, em desalinho, tenta, em vão, justificar o injustificável.

O vídeo mostra uma ação “desmoralizante” e potencialmente devastadora para o campo bolsonarista nas eleições de 2026.  Em outras palavras, o ato de violação e desobediência de Bolsonaro será explorado pela esquerda – além, claro, de justificar a prisão preventiva do ex-presidente.

A desobediência será, também, explorada por adversários de Bolsonaro, atingindo diretamente candidaturas associadas a ele, ao tempo de abrir espaço para nomes mais independentes dentro da direita. Isto é, mais afastado da figura do ex-presidente.

Em paralelo, o ato vexatório protagonizado por Bolsonaro reforça a posição de Alexandre de Moraes na disputa jurídica e institucional com o ex-presidente. Isso porque o vídeo da tornozeleira cria uma imagem simbólica – repito – de violação e desobediência, o que por si só justifica a decisão do ministro de determinar a prisão preventiva do ex-chefe da Nação.

Agora, com o desgaste crescente e a possibilidade de prisão definitiva de Bolsonaro nos próximos dias, a crise se aprofunda no núcleo político bolsonarista, enfraquece ainda mais a extrema direita e sinaliza prejuízos para a direita na perspectiva de 2026.

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Valter Nogueira

Valter Nogueira de Amorim, jornalista profissional, é o editor-chefe do blog. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal da Paraíba (1988). Atuou nos principais jornais impressos do Estado, tais como A União, O Momento, Correio da Paraíba e O Norte. No campo administrativo, foi secretário de Comunicação da Prefeitura Municipal de Santa Rita (1997-2005), assessor de Imprensa da Prefeitura de Pedras de Fogo (2008). Exerceu, também, o cargo de gerente de Comunicação do Tribunal de Justiça da Paraíba, no período de fevereiro de 2015 a janeiro de 2019. No período de maio de 2024 a março de 2025, Valter Nogueira respondeu pela ASCOM do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba.