Por Valter Nogueira
Aos poucos, o véu vai se rasgando e a luz revelando os amigos do ex-presidente Jair Bolsonaro – turma da pesada, inclinada a desvio de conduta, assim como o próprio Bolsonaro, que foi posto ex-offício para reserva do Exército por mau conduta, insubordinação e crime por planejar atentado a unidades militares no Rio de Janeiro em meados de 1980. Os amigos do ex-chefe, ao que tudo indica, conhecem o submundo da fraude, da corrupção e, pior, do crime.
O recente episódio da fraude da certificação de vacina revelou o nº 1 da campanha de Bolsonaro. Trata-se do major Ailton Barros, que foi expulso do Exército por mau conduta, e, agora, preso pela Polícia Federal na Operação Venire.
O ex-major disse saber quem era o mandante da morte da vereadora Marielle Franco, fato revelado a partir de troca de mensagens com o tenente-coronel Mauro Cid – ex-ajudante de ordem de Bolsonaro. Cid também foi preso pela Polícia Federal.
Barros foi expulso do Exército, mas a sua esposa recebe R$ 22,8 mil de pensão, conforme afirma matéria postada no portal de notícia UOL nesta sexta-feira (5), a partir de dados do Portal da Transparência. O benefício, porém, já tem sido questionado em tribunais de contas por ser considerado um privilégio indevido.
Ailton “foi considerado incompatível com o Oficialato”, segundo o Exército informou ao UOL. Na reportagem, o Uol informa que o ex-major foi expulso em data ainda desconhecida. Mas a decisão final que confirmou sua expulsão foi dada pelo Superior Tribunal Militar em janeiro de 2014.
A ficha do aliado de Bolsonaro
Ailton foi expulso após decisão proferida pelo Conselho de Justificação do Exército. Por maioria, os ministros do Superior Tribunal Militar apontarem diversas condutas sucessivas do militar que não seriam condizentes com sua posição na Força.
A decisão
“Os episódios incluem desrespeito a superiores hierárquicos, tentativas de diminuir a autoridades de soldados que faziam a segurança de áreas militares, a distribuição de panfletos eleitorais quando se lançou candidato a deputado estadual e até o dia em que Ailton trafegava em alta velocidade na Vila Militar e lançou o automóvel contra um colega ao ser abordado.
Assim sendo, o robusto conjunto probatório constante dos autos autoriza concluir que o justificante não mais reúne condições de permanecer na situação de militar do Exército Brasileiro”, diz um trecho da decisão pelo afastamento de Ailton.
Revelações de Ailton
O ex-major disse saber quem era o mandante da morte da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018. A revelação foi feita em troca de mensagens ao ex-ajudante de ordens Mauro Cid, preso na mesma operação dessa semana. O UOL apurou que a PF tenta interrogar Ailton sobre o assunto.
Também em mensagens a Cid, Ailton propôs um golpe de Estado: “O conceito da operação: entre hoje e amanhã, tem que continuar pressionando Freire Gomes [comandante do Exército] para que ele faça o que tem que fazer”, diz ele na mensagem de 15 de dezembro”. O ex-major também disse que, caso o comandante do Exército não se manifestasse, Bolsonaro deveria vir a público “para levantar a moral da tropa, que está abalada em todo o Brasil”.
O ex-major se apresentava como “01 do Bolsonaro” na campanha eleitoral.