Por Valter Nogueira
A trajetória artística do pintor espanhol Pablo Picasso, ícone do Cubismo, foi exibida por meio de uma série de reportagens – verdadeiras pérolas – produzida pela equipe da TV Band, com destaque para as cidades percorridas pelo artista. Decidi, neste artigo, me ater a uma reportagem, mas, como diz o poeta, “é muito difícil escolher uma cor do arco-íris” – todas são lindas!
Em respeito à liberdade e à Democracia, resolvi pinçar a última reportagem, que fala da cidade de Guernica. Por incrível que pareça, Picasso nunca esteve na cidade que serviu de inspiração ao artista para produzir a tela mais famosa da sua carreira: Guernica, de 1937.
A obra é considerada um ícone do antimilitarismo mundial e da luta pela liberdade. A tela/mural se transformou no símbolo da luta contra a opressão, violência e autoritarismo implantados na Espanha pelo ditador Francisco Franco – que deu um golpe de estado, em 1936.
Situada na região do País Basco, Guernica foi atacada por mais de três horas em 1937. Estima-se que 50 toneladas de bombas foram despejadas pelas forças nazistas e aviões metralhavam a população desarmada, que tentava fugir. Tudo com a anuência de Francisco Franco.
Ironia do destino
Quis o destino que, no ano do ataque a Guernica, o governo espanhol encomendou a Picasso – seu maior pintor – um mural para decorar o estande da Espanha na exposição internacional de artes de Paris, segundo destaca a reportagem da Band.
O artista escolhia o tema para a obra, quando leu nos jornais sobre o ataque. Surgiu assim, a inspiração para a Guernica de Picasso. Oito personagens, pessoas e animais desesperados. Cubismo e realismo juntos, lembrando páginas de jornal.
Quando a tela ficou pronta, Picasso, que morava em Paris, proibiu que ela fosse exposta na Espanha enquanto o ditador Franco estivesse vivo.
História
A história revela que, de cara, os militares de Franco rejeitaram o quadro Guernica – e por motivo óbvio: uma crítica ao governo ditatorial espanhol.
Durante a exposição, um general do governo Franco chegou a Picasso e, diante do quadro, teria perguntado ao artista:
– Foi o senhor que pintou isso? No que Picasso respondeu:
– Não, foram vocês!
Gênio, é gênio!