Durante o discurso principal da sessão plenária do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo (SPIEF), nesta sexta-feira (20), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, apresentou uma dura crítica ao sistema geopolítico e econômico vigente, denunciando o neocolonialismo e defendendo a construção de uma nova ordem mundial multipolar. As declarações foram repercutidas pela Sputnik International, que transmitiu ao vivo o evento.
“Aquilo que costumam chamar de nova ordem mundial está surgindo naturalmente, como o nascer do sol, e não há como impedi-lo”, afirmou Putin. “Nós não estamos criando essa nova ordem, estamos apenas moldando-a para que ela seja mais equilibrada e reflita os interesses da maioria dos países.”
Críticas ao Ocidente
Putin denunciou a atuação das potências ocidentais como fatores desestabilizadores nas relações internacionais. Em referência aos conflitos recentes, disse que os mesmos atores que se opõem aos interesses legítimos da Rússia e do Irã são também os que tentam manter sua hegemonia à custa da soberania de outras nações.
“O potencial de conflito no mundo está crescendo, inclusive nas imediações da Rússia. Estamos lidando com os mesmos que operam contra os princípios que defendemos, seja aqui ou no caso iraniano”, declarou. O presidente russo reafirmou o compromisso de Moscou com a estabilidade e segurança na região do Golfo Pérsico, destacando que a Rússia continua seu trabalho no reator nuclear de Bushehr, no Irã, mesmo sob pressões e ameaças.
Putin também mencionou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu apoio à exigência russa de garantir a segurança dos técnicos russos envolvidos no projeto nuclear iraniano. “Estamos agindo de acordo com as normas internacionais e pedimos garantias para a integridade do nosso pessoal em Bushehr”, disse.
Sul Global
Putin fez diversas referências ao papel das nações do Sul Global como mediadoras e protagonistas de uma nova configuração mundial. “Buscamos um desenvolvimento global que beneficie a maioria dos países, e não apenas blocos militares ou econômicos específicos”, afirmou.
Nesse sentido, destacou as relações de confiança entre Moscou e os países árabes e islâmicos, além do fortalecimento da aliança estratégica com a China. “Rússia e China não estão formando uma nova ordem mundial contra ninguém. Estamos apenas colaborando para que esse processo seja equilibrado”, enfatizou.