
Ao contrário do que anunciou o governo dos Estados Unidos, Israel concluiu que parte do estoque subterrâneo de urânio enriquecido do Irã, que está próximo ao nível de uma bomba, sobreviveu aos ataques americanos e israelenses no mês passado. É o que informa os principais veículos internacionais de comunicação, nesta sexta-feira (11).
De acordo com uma autoridade do alto escalão do governo israelense, o estoque de urânio pode estar acessível aos engenheiros nucleares do país.
A autoridade também afirmou que Israel começou a se preparar para uma ação militar contra o Irã no final do ano passado, após ver o que ele descreveu como uma corrida do Irã para construir uma bomba nuclear, que seria parte de um projeto secreto. Ele falou sob condição de anonimato devido à sensibilidade da informação.
A inteligência israelense detectou a atividade de armas nucleares logo após a Força Aérea israelense matar Hassan Nasrallah, o veterano líder do Hezbollah, a milícia apoiada pelo Irã no Líbano. Essa informação levou o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, a se preparar para um ataque com ou sem a ajuda dos EUA.
Os Estados Unidos atacaram dois dos locais de enriquecimento mais críticos do Irã com bombas de 13.600 kg e lançaram uma bateria de mísseis Tomahawk através de submarinos contra um terceiro local, onde o urânio poderia ser convertido para ser utilizado em armas.
Em uma reunião com repórteres na noite da última quarta-feira (9), a autoridade israelense não expressou preocupação com a avaliação de que parte do estoque de urânio enriquecido a 60%, armazenado em barris, havia sobrevivido ao ataque. A autoridade, e outros israelenses com acesso às informações de inteligência do país, disseram que qualquer tentativa do Irã de recuperá-lo provavelmente seria detectada — e haveria tempo para atacar as instalações novamente.
Ocidente confirma
Autoridades de inteligência do Ocidente confirmaram a avaliação israelense e disseram acreditar que grande parte do estoque está soterrado sob os escombros do laboratório nuclear iraniano em Isfahan e, potencialmente, em outros locais. Uma das autoridades concordou que os EUA ou Israel saberiam se os iranianos tentassem recuperar o urânio enriquecido. Tal medida certamente convidaria a um novo bombardeio israelense.
Israel, os EUA e um número crescente de especialistas estrangeiros concordam que todas as centrífugas iranianas em funcionamento nas usinas de Natanz e Fordo — cerca de 18 mil máquinas, que giram a velocidades supersônicas — foram danificadas ou destruídas, provavelmente sem possibilidade de reparo.
A questão que agora examinam é quanto tempo os iranianos levariam para reconstruir parte ou toda essa capacidade, especialmente depois que os principais cientistas de seu programa nuclear foram alvejados e mortos.
Contrassenso
Nos dias que antecederam o ataque israelense ao Irã, em 13 de junho, e a subsequente decisão do presidente Donald Trump de participar da ação, autoridades de inteligência dos EUA disseram não ter visto nenhuma evidência de qualquer iniciativa do Irã para transformar o estoque de urânio em arma nuclear.