Por Marcos Nascimento
Este texto tem por objetivo abordar o conceito de INSTINTO, e, sondar se todos os animais são dotados de INSTINTO, inclusive o homem, e ainda, qual é o entendimento deste termo por Sigmund Freud em sua teoria da psicanálise.
O termo INSTINTO, de origem latina “instinctu” é algo inato ao animal, fixo, transmitido de forma hereditária, e representa um tipo de inteligência no seu estado mais primitivo e além disso, é dado pela natureza ao SER, ou seja, quando nasce, o animal já o traz inscrito no DNA aquele INSTINTO inerente à sua espécie animal.
Interessante observar que os instintos variam muito pouco de um indivíduo para outro dentro da mesma espécie. Diferente do conhecimento, que é apreendido pela experiência, o INSTINTO nos animais é inato, ou dizendo de outra maneira, os comportamentos pré-determinados pelos INSTINTOS são opostos aos derivados da aprendizagem e segundo o fisiologista russo Ivan Pavlove (1849-1936), o conceito de INSTINTO é determinado como ato reflexo, não condicionado, é hereditário e congênito.
Assim, essas características permitem que as diferentes espécies de instintos animais apresentem comportamentos complexos e adaptados ao meio, sem necessidade de serem aprendidos. Entre as atividades instintivas estão as que colaboram para a preservação do indivíduo e da espécie como a alimentação, a acasalamento, proteção dos filhotes e preservação do território como fazem os lobos que demarcam o seu território com sua urina e fazem isso instintivamente para evitar intrusos na sua área.
Lembro-me bem quando criança no sítio dos meus tios, as carreiras que levei dos gansos quando estavam com filhotes sob a proteção deles, tudo comportamento instintivo. Dessa maneira, todos os animais são dotados de INSTINTOS, de forma que um animal pode, instintivamente, agir por impulso para atacar uma presa para se alimentar ou para se defender e proteger seus filhotes e estas ações instintivas nos animais configuram-se em um mecanismo genuíno da espécie.
Mas, e o homem. É dotado de INSTINTOS também? Sim, é. Entretanto, o INSTINTO humano é muito complexo, é mediado, uma vez que o homem é um animal que pensa e vive em um ambiente social, e, é sobretudo um ser cultural, diferente dos demais animais que são seres eminentemente naturais e não culturais. Claro que, os seres humanos, naturalmente, fazem parte do mundo animal, mas estão acima na escala evolutiva. Existe um acordo entre os etólogos em reconhecer que quanto mais se eleva o animal na escala evolutiva animal, menos ele é dominado pelos INSTINTOS.
Assim, os seres humanos possuem o privilégio de estar muito menos afetados diretamente pelos INSTINTOS. Suas ações não derivam do impulso instintivo direto, mas são mediadas pela educação, pelo caráter, pelo aprendizado, pela sociedade e pela cultura, enfim, pela escolha de cada um. E por fim, como o termo INSTINTO é compreendido por Freud?
Sigmund Freud(1856-1939) faz uma distinção entre o termo INSTINTO no sentido animal como foi explicado, visceral, reação instantânea e irracional, com o termo PULSÃO, que seria uma força que é semelhante ao instinto animal, mas que é não explosiva, é controlada, ou seja, algo como uma energia de se fazer algo, de realizar um desejo para desfazer uma tensão.
Um exemplo que podemos usar para explicar o INSTINTO e a PULSÃO em Freud é o da amamentação, na qual o bebê quando tem fome, por INSTINTO busca mamar.
Na primeira experiência quando o leite chega na boca e alimenta o estômago provoca sensação de prazer sensorial, e aí, o bebê pode buscar a sensação de prazer não pela fome, mas pelo simples prazer, é a PULSÃO que gera uma tensão que pode tomar outras formas de satisfazer o prazer sem a fome através do ato de chupar o dedo, ou chupar chupeta. Esses dois termos são relevantes na compreensão da teoria psicanalítica de Freud.
– Marcos Nascimento (Mestre em Filosofia)