Por Eliabe Castor
O mundo dos sonhos, como a própria expressão diz, é apenas uma utopia. Não existe esse lugar ou estado ideal. E tal realidade é algo inviolável. As pessoas até podem imaginar como seria uma vida de eterna felicidade, não havendo problemas econômicos ou de saúde, por exemplo. Não, não é proibido sonhar, afinal tal forma de pensamento rega a vida. E muitas vezes esse querer pode se transformar em realidade. Contudo, a perfeição social é, apenas, um devaneio.
É claro que não irei filosofar, apenas buscar uma forma de mostrar a verdade da vida, como ela é, longe de uma histeria muitas vezes provocada pelo engodo político-partidário de alguns para alavancar seus nomes na seara eleitoral. E em tal preâmbulo exposto, observo a demagogia de muitos culpando o Executivo municipal pelo o aumento da tarifa de ônibus em João Pessoa.
Mas como observei antes, um mundo ideal não existe. É mera utopia. Uma quimera absurda inserida na pura fantasia. E como exemplo dessa linha de raciocínio cito os problemas econômicos causados pela ineficiência do Governo Federal, pondo a inflação na estratosfera, somado à própria pandemia destrutiva parida pela a Covid-19.
O mundo dos sonhos não é palpável. Abstrato, sim! Todos têm dissabores, contrariedades e os mais diversos tipos de decepção e sofrimento. E a grita é geral, quando insuflada por certos políticos. Em João Pessoa o caso mais recente de amargor social surgiu com o aumento da tarifa do transporte público. É claro! Para quem depende de tal serviço, observar o já minguado salário ser corroído com uma nova despesa é preocupante.
Contudo, pouco ou nada pôde ser feito pelo Executivo municipal nessa alta de preços. Com o reajuste, a passagem de ônibus sai de R$ 4,15 para R$ 4,40. O aumento foi de 6%, abaixo do índice de inflação, que fechou 2021 com percentual pouco maior que 10%. Em resumo: o impacto no bolso do trabalhador poderia ter sido ainda maior.
Para suavizar ainda mais a majoração da tarifa, a prefeitura pessoense enviou para a Câmara Municipal de João Pessoa, no ano passado, um projeto para a redução tributária temporária de 50% no valor do ISS. Em bom português, o Executivo da capital contribui por mês com cerca R$ 300 mil voltado ao transporte público. Em um ano a renúncia fiscal fica próximo aos R$ 3,6 milhões.
Outro dado importante para o leitor refletir e observar que o aumento seria inevitável. Há 25 meses o valor das passagens de ônibus em João Pessoa estava congelado, enquanto isso houve aumentos sucessivos dos combustíveis, salário e a própria manutenção dos ônibus, além da pandemia, que reduziu em, aproximadamente, 40% o número de passageiros.
Também não se pode negar que a prefeitura fez sua parte para melhorar a vida dos usuários do transporte público da capital. Ela obrigou os empresários a se comprometerem com o aumento de linhas, ampliar a frota, reduzir a idade dos veículos em circulação e melhorar o fluxo de tais nos finais de semana e à noite.
Ficou estabelecido que o empresariado deve exercer suas contrapartidas em relação ao reajuste. Entre elas, estão o aumento da frota de 364 para 370, ampliação das linhas de 70 para 74, aumento de viagens diárias, integração temporal unificada em tempo único de 60 minutos e renovação da idade média dos veículos de nove para seis anos.
Os passageiros que utilizam o Passe Legal continuarão a ter o benefício da integração de qualquer parte da cidade com o uso do cartão. Em suma, todo aumento de preços causa sangria no bolso do cidadão, mas, um mundo de sonhos é mera utopia, pois os boletos, gastos fixos e variáveis sempre existirão.