Em meio à polêmica sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2021), o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (17), durante sua viagem ao Catar, que não viu as questões da prova. No entanto, no dia anterior ele havia declarado que as perguntas do exame começavam a ter “a cara do governo”.
Os comentários ocorrem na semana seguinte a pedidos de demissão em massa de servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Enem. No total, 37 servidores entregaram seus cargos.
Os profissionais afirmam que sofreram pressões psicológicas e vigilância velada durante a formulação da prova deste ano. Segundo eles, para que questões com temas que incomodam o governo Bolsonaro não fossem abordadas no exame.
A presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, Dorinha Rezende (DEM-TO), disse que o colegiado vai convocar o ministro da Educação, Milton Ribeiro, para prestar esclarecimentos.
O presidente falou sobre o assunto com jornalistas após um passeio de moto em Doha, capital do Catar. Ele visitou o estádio de futebol Lusail. O Catar vai sediar a Copa do Mundo de 2022.
Na ocasião, Bolsonaro aproveitou para voltar a atacar o Enem, da mesma forma que fazia durante sua campanha eleitoral. Para ele, a prova tinha “questões esquisitas” e de “ativismo comportamental”.
“Olha o padrão do Enem do Brasil. Pelo amor de Deus! Aquilo mede algum conhecimento, ou é ativismo político? Ou é ativismo também na questão comportamental. Não precisa disso”, opinou Bolsonaro, sem explicar o que queria dizer com “questão comportamental” ou quais questões estariam em desacordo com suas opiniões pessoais.